segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quando eu morrer, ah!

Ah! Quando eu morrer, nossa, vai ter neguinho correndo pra tudo que é lado.

Mal sabe ela que quando eu morrer (...) !

Quando eu morrer – e está previsto, já bolei tudo! – as ruas vão parar.

Quando eu morrer, o que era bom vai virar poeira, e o que era ruim também.

Tudo vai se misturar e eu vou confundir legal escrevendo um puta texto chato pra caralho.

Vou fazer questão de não me fazer claro, nem presente, é claro (nem tanto)!

Ah...quando eu morrer (...) ih, não vou nem dizer.

Quando eu morrer ela vai entender tudo! TUDO!

Os conceitos sobre o que é bom e o que é ruim vão mudar, saca? Mas não aquela inversão previsível (não posso contar muito, se não vou desvendar a surpresa, o mistério, o chá do índio, o casaco de pele, o cara nadando pelado na piscina, etc.).

Finalmente vão chamar pessoas normais de anjo, e isso vai ser relativamente aceitável – o que já considero uma grande evolução.

Não vai ter religião e vai ter muito vinho tinto seco de graça. Até pros mendigo afú.

Quando eu morrer vai ter uma galera falando “Pô, como é o nome dele mesmo? O cara aquele, morreu, tá ligado?”

Mas independente do meu nome, quando eu morrer (Ah, quando eu morrer!), não vou nem dizer se não vai ter gente falando que eu sou mentiroso e PÁ.

Ah! Quando eu morrer.

(...)

Quando eu morrer, vai ter um monte de gente tentando desenhar outras gentes rapidão, tentando captar o movimento, o momento, aquela coisa toda inspirada na arte oriental e no desenho cego. Vai ter muita gente dizendo que não agüenta mais comer sushi e usar óculos também.

Quando eu morrer, vai ter um monte de músicos quebrando os porquinhos da casa própria pra comprar uma Fender Mustang original dos anos 60, ou um contrabaixo acústico igualzinho o que o carinha usava na banda do Elvis.

Vai ter um monte de caras rindo também. Mas rindo muito mesmo – a MELHOR risada da vida. Imagina a melhor. Imaginou? Vai ser essa.

Quando eu morrer todo mundo vai falar que eu morri num dia tri normal, tri sem graça.

Mas também vai se tornar um dia especial pra umas 3 ou 4 pessoas.

Quando eu morrer, ah!

Quando eu morrer vai ter umas 3 ou 4 pessoas (sim, as mesmas que consideram o dia em que morri especial) comprando coisinhas deliciosas da padaria da esquina, café, cerveja, cordas de viola caipira, canetas especiais e uns casacos do brechó.

Quando eu morrer vai ter umas 3 ou 4 pessoas (são as que você está pensando!) guardando essas mesmas coisinhas numa caixinha de MDF muquirana que roubaram todas da mesma loja de R$ 1,99 na Av. Assis Brasil (perto do Bourbon, tá ligado?). Essa caixa vai ter umas flores cafonas pintadas, que eu - se estivesse vivo – acharia o máximo!

Elas vão pegar um rolo de 30 cheio de tinta e pixar tudo enquanto escutam Ed Motta e Vanessa da Mata, e vão ser zoados pelos pirralhos que escutam Racionais e que não fazem a menor idéia de onde surgiu o mundo, nem a lixeira, nem o balão de gás, nem o episódio em que o Chapolin interage com os Gnomos (que na verdade são fantoches).


Quando eu morrer, ah, quando eu morrer!

Quando eu morrer ela vai entender tudo! Sério mesmo, tudo! Tudo e muito mais que eu, já que ela está vendo de fora algo que eu me atrapalhava todo pra ver de dentro.

Quando eu morrer vai ser tarde pra entender, mas ela vai ficar feliz igual por ter entendido.

E triste por não poder me contar.

Ah (...) quando eu!

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Acho que até estou ansioso por esse momento, sabe?!

(.)

Bom, se eu não voltar, beijos aos que ficam!

Com carinho,
Pedro.

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